segunda-feira, 11 de maio de 2009

Os mecenas estão fugindo!

No sábado, estive em um workshop do saxofonista Leo Gandelman, e ele contou sobre sua formação musical, uma carreira montada destro de casa, já que seus pais são musicistas, e ele usou uma frase do Einstein, quando ele fala que são “90% de transpiração e 10% de inspiração”, confirmando que a teoria, o conhecimento, é importante para que o profissional de qualquer área esteja preparado para dar o melhor do seu desempenho. E ele falou que gosta de ser um músico de estúdio, pois passou a infância dele dentro de um.

Mas aproveitei a abertura das perguntas para questioná-lo sobre o mercado musical, já que hoje os consumidores não se importam mais em comprar um CD ou um DVD, é muito mais fácil fazer um download ou até mesmo comprar qualquer uma destas mídias na rua. E perguntei também, se os shows passaram a ser uma alternativa para fazer dinheiro. A resposta foi direta, “estamos penando, pois tem toda uma estrutura de profissionais que produzem lindos discos, e tem um trabalho filosófico em cima do disco de cada faixa, da capa, pois tudo tem um por que. Mas, isso acabou com o advento da internet. O que seria um instrumento para ajudar na divulgação e disseminação dos trabalhos acabou sendo um grande empecilho”. E sobre os shows ao vivo, ele falou sobre os patrocinadores que desapareceram com a crise financeira mundial. “Os mecenas, da antigamente que eram os reis e imperadores, membros da corte e da burguesia que bancavam os artistas antigamente, fazendo o convívio entre estas classes fossem de harmonia, não existem mais. Os mecenas, que hoje são as empresas, que alias, não fazem isso de graça, pois estão de olho em atingir o público 

destes artistas com suas marcas, suspenderam todo o investimento nas áreas culturais, e não da para hoje um artista se apresentar sem essa parceira, o custo do ingresso repassado para público seria altíssimo, coisa de R$ 500,00, o que fatalmente não atrairia estes consumidores”.

Grandes festivais como o Tim Festival e Prêmio Tim que movimentaram o mercado no ano passado, como sendo um dos principais eventos dos últimos tempos, foi cancelado para este ano, por causa da crise. Mas, contra tudo isso esta o Banco do Brasil que destina para cultura neste ano, mais de R$ 40.000.000,00 em investimentos, se tratando de dinheiro público fica mais fácil. O governo, por conta da crise, já diminuiu os investimentos em cultura em mais de 20%.

É preciso, na verdade, de uma maior política pública com relação a investimentos, não só em cultura, mas também com relação ao esporte. Porque não pensar, em aumentar por um tempo a margem de incentivo das empresas, hoje por volta de 1% no caso dos esportes, e até 4% para a cultura. É pouco!

Por outro lado, as empresas têm reclamado da falta de projetos consistentes, ainda mais neste período de crise. Os projetos, não visam com clareza o retorno financeiro e de imagem, e de como será aplicado os recursos. Os profissionais na área sabem disso, e é preciso uma maior especialização neste setor e melhorar os projetos destinados a todo tipo de patrocínios, seja ele cultural ou esportivo, por que senão os mecenas irão fugir.

O que você tem feito para mudar essa situação?